Uma pesquisa encomendada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) revela que a causa da criança e do adolescente está entre as que mais sensibilizam o brasileiro. O conteúdo, que traça um amplo perfil do doador individual brasileiro, destaca que durante a pandemia essa temática só perdeu para o combate à fome e à pobreza que, por sua vez, contribui diretamente para a qualidade de vida e para o desenvolvimento dos brasileirinhos.
Garantir que crianças e adolescentes sejam protegidos por direitos que assegurem uma existência digna favorece o progresso da sociedade. Essa é uma das premissas que levaram grande parte das nações a se mobilizarem em torno da criação de leis e tratados como a Convenção sobre os Direitos das Crianças (internacional) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com estimativa do IBGE (2019), o Brasil conta com uma população de 210,1 milhões de pessoas, dos quais 53.759.457 têm menos de 18 anos de idade. Ou seja, aproximadamente 1 em cada 4 habitantes do país é criança ou adolescente.
A causa é apoiada por diversos atores sociais, com e sem fins lucrativos. Caracterizada por um amplo potencial de sensibilização, a causa da criança e do adolescente gera demanda o ano todo sobretudo pelas carências sociais inerentes a um país em desenvolvimento e com dimensões continentais como o Brasil. Esse cenário favorece o surgimento de causas associadas a esse público, como as da educação, pessoa com deficiência, desnutrição, câncer, primeiro emprego, entre inúmeras outras.
Campanhas como Criança Esperança, Teleton, McDia Feliz e ações de mobilização sazonais como as de Dia das Crianças e Natal são exemplos de eventos de um calendário anual. Neste novo post da série causas vamos refletir sobre demandas e oportunidades associadas à causa da criança e do adolescente, personas com maior potencial de engajamento e cases de sucesso para você se inspirar no planejamento de seu programa de Marketing Relacionado à Causa (MRC). Antes, vamos entender melhor seu contexto.
Declaração Universal dos Direitos das Crianças
A Declaração Universal dos Direitos das Crianças é considerada como o maior direcionador de leis e políticas públicas para o público infanto-juvenil em todo o mundo. O documento que reúne 10 princípios considerados fundamentais para proteção das crianças foi apresentado na Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1959. Direito à igualdade sem distinção de raça, religião ou nacionalidade, direito à alimentação, direito à educação gratuita e à prioridade no socorro em caso de catástrofes estão entre os 10 princípios pontuados no documento.
Convenção sobre os Direitos da Criança
Exatamente 30 anos após a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, a Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da ONU como o instrumento de direitos humanos mais aceito na história universal. Ratificado por 196 países, incluindo o Brasil, é composto de 54 artigos nos quais discorre com mais robustez os itens apresentados no documento anterior.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Em julho de 1990, pouco meses antes de ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança apresentada pela ONU no ano anterior, o Congresso Nacional aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Creditado a movimentos sociais, o marco legal composto por mais de 250 artigos dispõe sobre a proteção integral da criança e do adolescente.
Estatísticas associadas à causa
- Entre 1990 e 2018, a taxa de mortalidade infantil caiu de 47,1 para 13,1 mortes para cada 1.000 nascidos vivos. (Ministério da Saúde)
- 45,4% dos brasileiros menores de 14 anos vivem em condição domiciliar de baixa renda. (Pnad Contínua, 2019)
- Mais da metade de todas as crianças e adolescentes brasileiros são afrodescendentes e um terço dos cerca de 820 mil indígenas do País é criança. (IBGE, 2019)
- 160 milhões de crianças foram submetidas ao trabalho infantil em 2020 em todo o mundo. (Relatório da Organização Internacional do Trabalho e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2020)
- 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta no Brasil entre 2016 e 2020. (UNICEF e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2021)
- Estima-se em quase 240 milhões o número de crianças com deficiência em todo o mundo. (UNICEF, 2020)
- Uma em cada três crianças está desnutrida ou com sobrepeso no mundo. (UNICEF, 2019)
Quem tende a abraçar esta causa?
Pessoa física
Mulheres, gestantes, pais e mães com filhos, avós, bisavós, pessoas que foram expostas a situações de risco na infância, jovens ativistas.
Pessoa jurídica
Empresas que atuam no mercado infantojuvenil; empresas que têm linhas de produto para crianças e adolescentes; lideranças que estejam pessoalmente sensibilizadas pela causa devido a experiências pessoais/familiares.Cases de sucesso
O McDia Feliz
O McDia Feliz é o principal evento beneficente do McDonald’s e uma das mais tradicionais mobilizações em prol de crianças e adolescentes com câncer no Brasil. Desde o ano de 1988, toda a renda de um dia obtida com a venda do sanduíche Big Mac no Brasil é destinada para as instituições apoiadas pelo Instituto Ronald McDonald. Ao todo, mais de 1.624 projetos de 108 organizações em todo o país já foram beneficiados.
Mais recentemente, em 2018, o projeto ampliou seu impacto e abraçou a causa da Educação, contribuindo para as ações do Instituto Ayrton Senna.
Instituto Ayrton Senna Itaucard
Já pensou em ter um cartão com a cara e o propósito de um dos maiores pilotos de F1 de todos os tempos? Essa foi a aposta do Instituto Ayrton Senna Itaucard, cartão de crédito lançado em 1996 como iniciativa pioneira em marketing relacionado à causa do Instituto. A mecânica é simples: a cada compra realizada pelo cliente Itaú com seu cartão de bandeira Visa ou Mastercard um porcentual do valor é doado para o Instituto.
Desde a sua fundação , o Instituto Ayrton Senna contabiliza milhares de educadores e estudantes beneficiados em mais de 2.600 municípios. Apenas em 2020, os projetos alcançaram cerca de 130 mil educadores por meio de diversas formações on-line, com um impacto estimado na vida de 3 milhões de estudantes brasileiros.
UNICEF e Havaianas
Em 2012, as Havaianas, marca da Alpargatas internacionalmente reconhecida pelas sandálias de tiras icônicas e solado de borracha, optou por celebrar seus 50 anos com muito saudosismo e um importante viés social.
As bodas de ouro foram celebradas com uma tiragem limitada de modelos inspirados nos produtos pioneiros de clássicos tons azul e branco, acrescidas de um selo com menção a 1962, ano de seu lançamento. Foram produzidos apenas 50 mil pares para serem comercializados em todo o mundo, com 100% da verba das vendas destinada para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
OMO e Criança Esperança
A parceria entre a marca de sabão em pó OMO e o projeto Criança Esperança ganhou uma nova roupagem em 2021. As marcas promoveram o encontro entre os famosos DJ Alok e Banda Melim, em uma ação de Marketing Relacionado à Causa com mecânica 100% digital.
Os artistas se uniram em uma parceria inédita para criar a “sOMOs”, uma canção feita especialmente para o Criança Esperança 2021. A cada play recebido na música uma doação era destinada ao projeto que cria oportunidades de desenvolvimento para crianças, adolescentes e jovens. Até o fechamento deste artigo, o site da campanha contabilizou a marca de 3 milhões de plays em diferentes plataformas de streaming de música.
Malwee e a #AtitudesdoBem
O último case desta nossa seleção destaca o protagonismo do consumidor como agente transformador da sociedade. É o caso da #AtitudesdoBem, uma campanha promovida pela Malwee em que o consumidor é convidado a escolher a instituição a ser beneficiada pela doação resultante de sua compra.
O consumidor precisava cadastrar o código #AtitudesdoBem, impresso na etiqueta, no site da campanha, escolher a causa (educação básica, saúde e nutrição, acessibilidade e inclusão, assistência social, cultura e esportes) e a ONG que desejava apoiar. Cada cadastro contabilizava uma doação equivalente ao valor de uma camiseta básica para uma das ONGs participantes.
No portal do Instituto Malwee você pode conferir detalhada prestação de contas do #AtitudesdoBem entre outras iniciativas.
Espero que tenha gostado do conteúdo de hoje. Cada case selecionado tem suas particularidades e é justamente essa pluralidade de segmentos, oportunidades e iniciativas que podem te inspirar a planejar ações consistentes de MRC para a causa da criança e do adolescente.
Quer saber como criar uma estratégia de MRC consistente e com maiores chances de êxito? Entre em contato e te conto como.